quinta-feira, 9 de julho de 2009

PROPOSTA

A utilização da palavra é recorrente nos meus trabalhos. Sempre busquei nas minhas experimentações, revivificar as palavras a partir da sua materialidade elementar, visual e sonora. Interesso-me pela desconstrução das relações tradicionais da linguagem e da imagem, seja em poemas visuais, pequenos textos, frases soltas, ou mesmo palavras. Agrego a poética da palavra a elementos plásticos procurando valorizar os vários códigos da visualidade. Busco nas figuras de linguagem, na justaposição de significados, nas analogias ou na ambiguidade das palavras, surpreender o leitor-visitante e envolvê-lo na proposta.
Minha proposta instala-se num limite agramatical da linguagem. Plano-limite do dizer, onde as palavras não obedecem a nenhuma coordenação gramatical se soltando de toda a norma sintática. Mas ao mesmo tempo, destacadas de qualquer conexão discursiva, adquirem mobilidade e poder de jogar entre si acordes semânticos livres e intensidades rítmicas ilimitadas.
Minhas poesias são apenas escombros ou fragmentos verbais e não aspiram a nenhuma "enlevação". Proponho uma reflexão sobre a própria poesia confrontada com os seus limites, o que resulta numa proposta de prosseguir na desmontagem das estruturas verbais do discurso convencional - insuficiente para abranger o universo da imaginação e da sensibilidade.



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